Na tarde de 21 de novembro, Paulus transmitiu à “Toca do Lobo”, o QG de Hitler, em Rastenburg, na Prússia Oriental, uma mensagem anunciando que suas tropas estavam inteiramente cercadas. A dramática notícia ia acompanhada de uma informação sombria sobre a situação que o 6o Exército enfrentava. Suas reservas de combustível encontravam-se praticamente esgotadas, e as tropas dispunham apenas de rações para seis dias. Paulus informava que pretendia manter suas posições em Stalingrado, caso conseguisse tapar a brecha aberta em seu flanco sul, e se recebesse substancial abastecimento por via aérea. No caso de não se poder cumprir essas premissas, solicitava a Hitler liberdade de ação para ordenar o rompimento do cerco em direção ao sudoeste, a fim de retomar contato com o 4o Exército Panzer. Nesse mesmo dia, o chefe do Grupo de Exércitos B, General von Weichs, comandante de todas as forças que lutavam na frente de Stalingrado, enviou a Hitler um informe, comunicando-lhe a impossibilidade de abastecer o 6o Exército pelo ar, pois a Luftwaffe carecia de aviões de transporte suficientes, e as condições climáticas eram totalmente adversas para a realização de vôos regulares. Hitler, no entanto, não estava disposto a atender às ponderações dos seus generais. Havia jogado nessa sangrenta batalha todo o seu prestígio, e teria que defender o território conquistado, até o último soldado. Contra toda a lógica, e apesar dos informes que, diariamente, lhes apresentava seu chefe do Estado-Maior, o General Zeitzler, convencera-se de que os soviéticos empregavam na ofensiva seus últimos recursos materiais e humanos. Bastava portanto, manter firmemente as posições, durante algumas semanas para obter uma nova e decisiva vitória.
Zeitzler, desesperado, sustentou uma série de violentas discussões com o Fuhrer, num esforço vão para convencê-lo do perigo mortal que ameaçava não só o 6o Exército, mas todas as forças alemães que combatiam na região do Don e no Cáucaso. Hitler, entretanto, permanecia aferrado à sua irracional decisão de permanecer em Stalingrado a qualquer custo. Poucas horas depois de recebida a mensagem de Paulus, os chefes da Wehrmacht, marechais Keitel e Jodl, tiveram uma conferência com o General Zeitzler, e com o chefe do Estado-Maior da Luftwaffe, General Jeschonek, a fim de discutir o problema do abastecimento aéreo do bolsão de Stalingrado. O 6o Exército havia comunicado que suas necessidades mínimas diárias chegavam a 750 toneladas (380 de alimentos, 120 de combustível e 250 de munições). Depois de debater longamente o assunto, todos os chefes presentes chegaram à conclusão de que a Luftwaffe não estava em condições de suprir os sitiados com essa quantidade de material.
Impunha-se, portanto, ordenar ao 6o Exército que tratasse imediatamente de romper o cerco, antes que suas reservas de combustível e munições se esgotassem nos contínuos combates que travava contra os russos. Hitler, no entanto, não cedeu, e Goering apressou-se a auxiliá-lo em sua disparatada tese. Na noite de 23 de novembro manteve uma longa e violenta discussão com o General Jeschoneck, e com o chefe do comando de transportes da Luftwaffe. - É preciso fazer o abastecimento! - gritou enfurecido o marechal. - Se o Exército afirma que pode manter suas posições, cabe a nós também saber cumprir com nossa missão!
Apesar de seus subordinados terem insistido em que, no melhor dos casos, não seria possível transportar mais de 350 toneladas, Goering afirmou que essa cifra podia elevar-se a 500 toneladas, concentrando em Stalingrado todos os aviões de transporte que estavam prestando serviço em outras frentes. Convencido por suas próprias palavras, Goering chegou à conclusão de que a Luftwaffe podia assumir o compromisso de abastecer o 6o Exército, todo o tempo que fosse necessário. Esse era o apoio que Hitler precisava para justificar sua determinante resolução diante das objeções desesperadas de seus generais.
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